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Motivações para a pesquisa

A Escoliose tem um potencial de evolução muito rápido, sobretudo, nos períodos de crescimento. É comum encontrar casos com alto grau de evolução da deformidade em apenas dois ou três meses. O impacto psicológico, na autoestima, na sociabilidade, nas condições de trabalho e na saúde geral da pessoa com escoliose pode variar dentro de amplo espectro, mas são dimensões que sempre estarão afetadas (para mais informações, veja a página O que é escoliose?).

O diagnóstico precoce é o principal aliado do tratamento, isto é, quanto mais cedo começar a tratar, melhores resultados serão obtidos na estabilização e redução da deformidade. Mais de 99% dos casos, se detectados precocemente, terão a deformidade estabilizada por meio de tratamento conservador, isto é, não cirúrgico (veja detalhes na página Como tratar) . No entanto, o diagnóstico tardio e a não realização de tratamento conservador adequado têm levado um grande contingente de adolescentes à cirurgia, uma intervenção altamente complexa e com riscos.

No Brasil, não há política de detecção precoce e, geralmente, o diagnóstico é tardio. Além disso, é pouco difundido no país o tratamento conservador de escoliose preconizado pelos consensos internacionais. O tratamento oferecido no Sistema Únicoco de Saúde (SUS) baseia-se em coletes com tecnologia defasada e fisioterapia não específica para escoliose. A principal consequência desta situação é o alto índice de cirurgias de escoliose no Brasil e filas enormes no SUS, chegando a se esperar 8 anos, o que significa um agravamento da escoliose, e maior complexidade e risco na cirurgia, além de danos psicológicos e consequências na qualidade de vida das pessoas.  Observa-se uma falta de orientação sobre as alternativas de tratamento: adolescentes e pais desinformados, angustiados e inseguros sobre o tratamento adequado.

Foi diante desse cenário que surgiu a ideia da pesquisa Escoliose e Integralidade do Cuidado, com o objetivo de desenvolver novas perspectivas para diagnóstico e tratamento de Escoliose Idiopática no SUS, sob o princípio da integralidade do cuidado. Nosso pressuposto é que o diagnóstico precoce da escoliose aliado a um tratamento conservador com comprovada eficácia, possibilita a redução de problemas de saúde na adolescência, e também ao longo da vida adulta. A deformidade estética, incapacidade, dor e limitações funcionais progressivas, além de estigmas, baixa autoestima, dificuldades no trabalho e no convívio social afetam um grande contingente de adolescentes e adultos. A promoção do cuidado integral é preconizada com a realização de diagnóstico precoce da EIA no âmbito do território em que as pessoas vivem, por meio de articulação com a Atenção Primária em Saúde (APS) e com os demais setores relacionados ao campo da Saúde Pública, sobretudo o da educação. Por sua vez, o tratamento conservador que segue as diretrizes internacionais tem como base a integralidade do cuidado, o que permite maior adesão ao tratamento.

Isso é que o nos motiva para seguir adiante!