A Escoliose Idiopática do Adolescente (EIA) é uma deformidade da coluna vertebral e do tronco, tridimensional e multifatorial, que afeta crianças e adolescentes aparentemente saudáveis, a maioria meninas (cerca de 80%), e pode progredir durante os rápidos períodos de crescimento. Entre 2% e 4% da população tem escoliose.
O conceito de Escoliose, especialmente de Escoliose Idiopática do Adolescente (EIA), vem se redefinindo ao longo do tempo, na medida em que se ampliaram as pesquisas e práticas terapêuticas, e a compreensão da patologia tornou-se mais complexa. No entanto, ainda hoje é frequente a referência da escoliose como problema de postura, com causas comportamentais, o que é um equívoco.
De acordo com os últimos documentos produzidos pela International Scientific Society on Scoliosis Orthopaedic and Rehabilitation Treatment - SOSORT (NEGRINI et al, 2012 e NEGRINI et al, 2018), a Escoliose é definida como um termo geral que compreende um grupo heterogêneo de condições relacionadas a alterações na forma e na posição da coluna, do tórax e do tronco. O termo “escoliose idiopática” (também denominado escoliose estrutural) é aplicado a todos os casos em que não é possível encontrar uma doença específica que causou a deformidade. A deformidade da coluna causada pela escoliose idiopática pode ser definida como um sinal de uma síndrome com uma etiologia multifatorial (NEGRINI et al, 2018). É absolutamente diferente da “escoliose funcional”, uma curvatura da coluna secundária a outra doença ou processo patológico.
Mais de 80% das escolioses são classificadas como escoliose idiopática. Destas, cerca de 80% são representadas pela Escoliose Idiopática do Adolescente (EIA). Há um consenso em definir a EIA quando o ângulo Cobb* está acima de 10°. Se o ângulo da escoliose no final do crescimento excede um "limiar crítico" (a maioria dos autores assume que entre 30° e 50°), existe um risco maior de problemas de saúde na vida adulta, diminuição da qualidade de vida, deformidade estética e incapacidade, dor e limitações funcionais progressivas (NEGRINI et al, 2018).
A classificação cronológica adotada internacionalmente para as escolioses idiopáticas é a seguinte (MOE et all, 1978; NEGRINI et all, 2016):
- Escoliose infantil: 0 a 2 anos
- Escoliose juvenil: 3 a 9 anos
- Escoliose de adolescente: 10 a 17 anos (podendo variar + 1 ano)
- Escoliose de adulto: 18 anos ou mais (podendo variar + 1 ano)
* Ângulo Cobb - É uma medida adotada internacionalmente para medição, nas radiografias, da deformidade da coluna no plano frontal. É utilizado para classificação da gravidade e evolução da doença, considerado padrão ouro ortopédico para a avaliação da escoliose. Descrito pela primeira vez em 1948 por John R.Cobb. (NEGRINI et al, 2018).
|